sábado, 7 de janeiro de 2012

Saudades de Zanoto

Zanoto no 1º Belô Poético, em 2005 – Foto: Ivan Domingues


Dia 21 de janeiro faz exatamente um ano que perdemos o maior divulgador de poetas que este país já teve. Neste dia em 2011 falecia o conhecido colunista literário José de Souza Pinto, mais conhecido como Zanoto. Ele foi uma pessoa que marcou sua passagem por este mundo. Nasceu em Varginha, filho do português Antônio de Souza Pinto, um dos três irmãos que fundaram o Armazém Souza & Pinto Ltda. e assumiram o Hotel Megda (Hotel Maduro), em frente a estação ferroviária, quando aquela região era o centro econômico-financeiro de Varginha.Zanoto era apaixonado pela literatura. Durante cerca de 42 anos escreveu a coluna “Diversos Caminhos”, no Jornal Correio do Sul. Presidente de honra vitalício da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências (AVLAC). Colaborava com veículos literários de vários estados e países. Recebeu comendas e homenagens pelos textos que redigia e pela saudável teimosia em publicar, diariamente, uma coluna literária. Participou como jurado do Festival de Poesia Falada de Varginha em 2007 e 2009. No primeiro ano recebeu "homenagem" especial pelos 40 anos dedicados a literatura brasileira através do empreendedor do projeto Tadeu Terra e dos produtores e colunistas sociais/culturais Marcos Misael e Lindon Lopes.Tinha outro hábito saudável, de caminhar tranquilamente pelas ruas da cidade, onde buscava inspiração para seus textos. Me disse, uma vez, que levava os textos, datilografados, a pé até o jornal.Zanoto era fã de Fernando Pessoa. Um apaixonado pela palavra (“Ela é mulher”, dizia).Gostava de literatura, música, um bom vinho.
Em 2010, no meu livro “Poemas” (Belô Poético) publiquei um poema dedicado para este amigo que eu tinha a mais de 18 anos e no dia 20 de agosto de 2010 ele publicou em sua coluna “Diversos Caminhos” um poema dedicado a mim. Reproduzo abaixo os dois poemas e deixo aqui registrado minha saudade.

Jardim Amor

Para Zanoto

Uma cena cinematográfica
faz-se raiz
entre um cinemascope
e uma cena @

um filme de Neville d’Almeida
diz-me que plantar sementes
seria criar um jardim
no coração de quem amo.


(Rogério Salgado)


A lua

(Para o poeta Rogério Salgado, em Belo Horizonte)

Não... A lua não era
um tesouro.
Riscava no espaço azulado
o meu destino.

Eu tinha fome
de risos e
alegria.
Mas perdi-me no
fascínio do mundo.

(Zanoto)