segunda-feira, 11 de agosto de 2014

SOPRO DE DEUS e outros poemas


Em primeira mão publico 3 poemas de meu livro inédito: “Sopro de Deus e outros poemas”, a ser publicado em 2015, comemorando meus 40 anos de carreira poética. A foto-imagem que ilustrará a capa do livro foi clicada pelo poeta Irineu Baroni.


Sopro de Deus

“My sweet Lord\Hum, my Lord\Hum, my Lord\I really want to see you\
Really want to be with you\Really want to see you, Lord\
But it takes so long, my Lord\(…)”

(George Harrison)
Para Marília de Dirceu

O toque de Deus sinto
no sopro do vento
tocando vida
em minha face

e neste sopro tão simples
ouço sussurrar a voz de Deus
dizendo-me que ainda
é tempo de encantar-se

vejo, portanto
o belo da vida.

O cheiro de Deus sinto
no aroma das flores do campo
nos girassóis, dálias, margaridas...

No sabor do canto
encanto-me com a convicção
de que Deus estará
eternamente comigo.



Poema sem preconceito

(Para os homofóbicos, os racistas, os anti-putas, etc...)

O que faz a diferença
é que somos iguais.



Poema de Natal

Na noite não tão estrelada na Faixa de Gaza
o céu se ilumina (assustando a todos)
com mísseis que parecem atingir o sol
e em meio a tudo a seu redor
um menino, talvez palestino
talvez israelense, quem sabe
brinca e observa
na sua mais completa inocência
estrelas no céu, que na sua imaginação
piscam feito vagalumes
na noite mais santa do ano.

Feito quem brinca de brincar somente
uma criança sonha em ganhar de presente
a felicidade de ser livre
correr pelos campos
observar as borboletas
e transitar pelas ruas de Jerusalém
 de mãos dadas com a liberdade
a mesma liberdade que deveria
haver para todos os seres humanos
na face da Terra.

- A vida não é só alegria -
Apesar de criança
na sua forçada maturidade de menino
ele tem certeza desse fato
tão distante dos seus sonhos mais hostis.

Na noite não tão estrelada na Faixa de Gaza
um homem observa seu menino brincar
e na sua infelicidade perdida
sonha com a felicidade do outro
de um dia todos serem livres
como o vento norte
que surge nas campinas
como os pássaros que sobrevoam as flores
que ainda restam depois da destruição:
viver ainda vale a pena
mesmo na maior das utopias.