Dia 24 de novembro de 2014 faz 34 anos que a pianista Glória
Salgado, minha mãe foi tocar piano com os anjos. Faço aqui então, uma homenagem
a ela, transcrevendo abaixo trechos do livro inédito Poeta Ativista, autobiografia a qual estou trabalhando e que será
publicado em 2015, comemorando meus 40 anos de carreira poética. Incluído neste
livro virá Sopro de Deus e outros poemas,
livro de poemas inédito, do qual transcrevo também um poema.
(...)
Em 1980 minha mãe, a pianista Glória
Salgado, adoeceu. Ela teve um tumor no fígado, que não crescia e ela poderia
viver por muitos anos ainda. Mas ela teve uma intoxicação e foi para o
Hospital. Lá, precisou de transfusão de sangue e infelizmente o sangue estava
contaminado e afetou justamente o fígado, onde estava o tumor. No dia em que
soube pela primeira vez do tumor na minha mãe, escrevi um poema bem intuitivo,
o qual intitulei de “O trem”. Este poema desapareceu misteriosamente e nunca
mais o achei, nem materialmente e nem na minha memória. Fiquei com ela duas semanas no hospital dos
Plantadores de Cana, na Avenida Pelinca, na Beira Valão e ela veio a falecer
dia 24 de novembro de 1980.
Mais
um poema pra minha mãe
(Por
que não?)
Minha mãe gostava de ouvir canções
populares
Linha do
horizonte com Azimuth
As dores do
mundo com Hildon
mas sua canção preferida era Ave Maria de Schubert
e quando sentava ao piano, tudo era
esquecido
não pensava nas perdas que tivera pela
vida
meu pai, homem trabalhador
que se foi depois de três ameaças de
derrame
Zezé, sua irmã mais querida
e nem no filho Rodrigo José, que
também se foi tão cedo.
Apenas tocava e se esquecia do mundo
lá fora
e cá dentro, o menino inquieto
observava com olhos que brilhavam de
alegria
aquela sinfonia que ficaria guardada
para sempre
dentro de sua alma sensível de poeta.
Foto1: com minha mãe, quando fiz 1 ano
Foto 2: com minha mãe, aos 8 anos
2 comentários:
Poema de Amor rasgado!
Abraços,Walnize Carvalho
Pude assistir D. Gloria tocando piano. Eu e mais um bando de moleques da rua Dr. Mattos. Como era bom. Ficávamos sentados no chão de sua sala alguns escorados no batente da porta de acesso a varanda da frente. Que senhora elegante e talentosa ela era.
"Nada, somente nada, e eu aqui não pensando em nada. Absolutamente nada..." esse e um pedaço de um poema do Rogério que foi musicado na época. Não sei se ele publicou.
José Francisco N. Rangel.
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