sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Meus destaques literários em 2018


E eis que 2018 chega a seu final com lançamentos expressivos na literatura brasileira. E como um bom leitor, que sou, li muitos livros ao longo do ano, mas dois se destacaram nessas minhas leituras. O livro da escritora Dalva Silveira e o do antropólogo e escritor Romeu Sabará.
“De Realidade a Caros Amigos: a Turma do Ex-, imprensa alternativa e seu legado” (Grupo Editorial Letramento) foi para mim, uma fonte de conhecimento, daquilo que eu não conhecia. O livro nos fala da imprensa alternativa, principalmente da turma da revista “Ex” um grupo de jornalistas que, em 1968, foram cerceados pela repressão militar e, através de uma demissão coletiva, saíram da revista Realidade (Editora Abril), se uniram e, em 1970, juntamente com outros jornalistas criaram O Bondinho, Grilo e Ex-. Nesse último, publicariam a primeira matéria sobre Geraldo Vandré, depois de sua volta do exílio e a única reportagem a respeito da morte de Vladimir Herzog, ocorrida em outubro de 1975, o que acabou provocando o fechamento do jornal. O livro aborda muito mais do que apenas a revista “Ex”, fala de uma parte obscura da nossa história, que muitos querem negar: vivemos sim, uma ditadura sem liberdades em todos os seus aspectos gerais e restritos. É um livro urgente para
quem não se situa nessa história recente do país e em sua fraqueza, busca uma intervenção militar no Brasil, numa maneira covarde de não encarar que a responsabilidade de mudar é de cada um e não de determinado grupo que a fariam em nosso nome. Dalva Silveira publicou em 2011 “Geraldo Vandré: a vida não se resume em festivais” (Fino Traço). Contatos: dalvasilveira@yahoo.com.br
em suas “Memórias de um antropólogo brasileiro em plena ditadura” (Chiado Books), Romeu Sabará, como antropólogo e poeta, pesquisador e professor universitário, se aprofunda para nos fazer entender a fragilidade da democracia no Brasil. Democracia essa que, segundo Sabará: “existe e coexiste com um inconsciente coletivo de cunho golpista pronto para entrar em cena, quando os movimentos sociais avançam além dos limites que lhes são impostos.” Sem que sua obra deixe de ser uma contribuição original para a Antropologia Política, o autor trata do assunto de forma palatável para o cidadão comum, articulando, no texto, a prosa e a poesia, realidade social e metáfora da realidade. Como o autor também é poeta (e dos bons), o livro nos mostra também poemas. A narrativa de suas memórias desdobra-se em três blocos. Na primeira parte (1965 a 1969) fala sobre a sua opção pela antropologia e sobre sua formação inicial como antropólogo, com todas as suas limitações. Na segunda parte (1970 a 1984) procura estabelecer a relação estreita de causa e efeito entre a prisão em 1973 e a sua separação conjugal e divórcio litigioso que transcorreu entre 1972 e 1977. Na terceira parte (1985 a 1996) disserta sobre o assédio acadêmico de que foi vítima como pesquisador e professor de Antropologia Social, no Departamento de Sociologia e Antropologia da FAFICH/UFMG. Nessas três partes, vêm expostos os fatos sistematizados que fundamentaram suas reflexões antropológicas. E conclui suas reflexões mostrando a ligação existente entre o golpe militar de 1964, que instalou a ditadura militar no Brasil e o golpe congressual, jurídico e midiático, de 2016, que instalou o que o autor entende como sendo a nova ditadura – a ditadura civil. Contatos: romeusabara@uol.com.br



quinta-feira, 8 de novembro de 2018

“Braço de rio, pedaço de mar” de Petrônio Souza Gonçalves


Por Rogério Salgado

Gosto da poesia de Petrônio Souza Gonçalves desde “Um facho de sol como cachecol” (Realejo Livros e Edições-2015), primeiro livro de sua autoria a cair nas minhas mãos. Gosto porque sua poesia é uma poesia honesta, sincera e não dessas que são feitas a medida de régua, como se fosse um tratado de palavras. Sua poesia não é uma poesia preocupada com formas e estéticas, mas sim, preocupada com o sentimento do autor, que antes de ser poeta, é um ser humano. A técnica em sua poesia é resultado secundário em seus versos. Vi muito disso em Manuel Bandeira. Recebo agora “Braço de rio, pedaço de mar” (Realejo Edições-2018) que me encantou do inicio ao fim.
Vejamos seus versos: “Agora sei,\é tarde,\o que posso fazer?!\Nada mais tenho em você,\só lembranças\de sua doce presença,\lua em minha noite estrelada,\me mostrando as belezas do caminho.\Era tudo assim como um poema,\amor de macho e fêmea,\calmaria de riacho,\beleza de flores na janela.\meu cacho,\cidade prometida,\coisa boa dessa vida é passageira,\hoje é domingo,\amanhã,\segunda-feira.”
“Braço de rio, pedaço de mar” traz aquele sentimento de que a poesia, a verdadeira extraída da alma, ainda existe, apesar desses tempos imediatistas em que as redes sociais mentirosamente aproximam as pessoas, quando na verdade as mantém distantes e nesses tempos frios em que o melhor poeta é o que mais trabalha palavras do que sentimentos. Prova disso são os versos sensíveis de Petrônio Souza Gonçalves, quando nos diz: “Tudo cabe no poema.\Até nossas dores menores,\amores maiores.\O poema comporta tudo,\porque ele é sem fronteira,\entra dentro da gente\e vai,\silenciosamente,\poeticamente, a vida inteira.”
Petrônio Souza Gonçalves é jornalista, escritor e poeta. Publicou entre outros livros: “José Aparecido de Oliveira – O melhor mineiro do mundo”, É um dos autores do livro “AI-5” (Baroni Edições-2016) em co-autoria comigo, Bilá Bernardes, Helenice Maria Reis Rocha e Irineu Baroni. E é neste “AI-5” que li um dos mais belos poemas escritos por um poeta que tem sensibilidade de perceber a sua volta, além do seu umbigo, poema este escrito para o pequeno Aylan Kurdi, encontrado morto dia 02\09\2015, na praia da Turquia, após naufrágio da embarcação em que fugia da cidade Síria de Kobane, republicado neste “Braço de rio, pedaço de mar” e que nos diz: “Depois de morto\- somente depois de morto -\o pobre menino refugiado\ganhou o abraço,\o colo,\o afago\e a solidariedade da humanidade.”
“Braço de rio, pedaço de mar” tem projeto gráfico de Ronei Luiz, capa de Paulo Caruso, prefácio de Aldir Blanc.
E quem nos diz que: “O bom da vida\é repartir o pão\que a gente não tem,\a cada dia.” merece sim, nosso respeito, por antes de ser poeta, ser um Ser Humano.


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

CARTA AO POVO MINEIRO - COMISSÃO DA VERDADE EM MINAS GERAIS



“Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”
Eduardo A. Costa (No caminho com Maiakóvski)

A eleição presidencial entrou nos dias decisivos. Face à grave situação do Brasil e às características de Jair Bolsonaro, a Comissão da Verdade em Minas Gerais – órgão não de governo, mas de Estado, cuja finalidade legal se realizou em fevereiro – pronuncia-se em nome de seu trabalho, lembrando a galeria infindável de horrores comprovados em sua apuração e coerente com as conclusões de seu Relatório Final.
O candidato da extrema-direita, em 30 anos de mandatos, nunca votou em projetos de lei favoráveis às classes populares e sempre aprovou políticas em benefício dos magnatas e poderosos. Ademais, sua carreira parlamentar primou por atos e declarações truculentas contra mulheres, negros e outros segmentos discriminados.
O candidato que defende o golpe de 1964, com os seus crimes – torturas, assassinatos, perseguição aos oposicionistas, ataque às universidades, intervenções nas entidades sindicais e eliminação das liberdades democráticas –, prega o retorno ao regime ditatorial-militar que mergulhou a Nação no seu período mais sombrio.
O candidato vassalo da geopolítica estadunidense quer privatizar as empresas estatais, eliminar as conquistas trabalhistas, destruir a Previdência e acabar com as políticas sociais. Confunde segurança pública com extermínio e guerra civil. Pretende suprimir o regime democrático, os direitos fundamentais e as liberdades civis.
O candidato que prega o ultra liberalismo econômico, o entreguismo antinacional, o reacionarismo político, o obscurantismo cultural, o falso-moralismo conservador e a intolerância perante as diferenças, também pratica métodos fascistas de ação, como preconceito, intimidação, mentira e ódio a tudo que discrepa de seus dogmas.
O candidato que tenta enganar algumas parcelas da população e transformar o Governo em arma para submeter a si o Congresso, o Judiciário, os Entes Federativos e as próprias Forças Armadas – tornando-as uma turba policialesca à margem do profissionalismo e da legalidade – tem como propósito a instauração do arbítrio.
Portanto, este momento exige a união dos democratas e progressistas, para além dos partidos, ideologias, doutrinas políticas e opiniões individuais. Para quem defende os direitos humanos e demais interesses populares, a única opção civilizada e sensata à crise político-institucional é barrar já, nas urnas e nas ruas, o plano despótico em curso. As hordas liberticidas não roubarão de novo “a flor do nosso jardim”.

Belo Horizonte, 8 de outubro de 2018
Comissão da Verdade em Minas

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

LANÇAMENTO “NAQUELES TEMPOS DA ARTE QUINTAL”


Dia 21 de agosto de 2018, lancei o livro “Naqueles tempos da Arte Quintal”, no Restaurante Farroupilha Grill, em Belo Horizonte. O livro é uma co-edição RS Edições e Baroni Edições, com organização de texto de Virgilene Araújo, projeto gráfico da capa, contracapa e miolo de Irineu Baroni, prefácio do escritor português Cunha de Leiradella e orelhas do jornalista Adair José. O livro conta a história de uma das mais importantes revistas culturais que circulou no país.
Foi uma noite de autógrafos histórica na minha história de 43 anos de carreira literária. Abaixo, além da capa do livro, seguem as fotos que consegui através de Virgilene Araújo, Virgínia Araújo e Márcia Araújo, que clicaram no dia. Peço compreensão de quem não está nas fotos, mas é que optei por não incluir fotos desfocadas.
Informo que dia 8 de novembro próximo, estarei lançando no Museu Histórico de Campos dos Goytacazes, minha terra natal, dentro do Café Literário Antônio Roberto Fernandes, o livro “Glória”, também co-edição RS Edições e Baroni Edições, uma homenagem a pianista Glória Salgado, minha mãe, com 74 páginas, tamanho A4 (21X29,7 cm), contendo todo o material da exposição homônima que percorreu os Centros Culturais da capital mineira, além de dois poemas inéditos, numa tiragem limitada de apenas 100 exemplares, numerados e rubricados pelo autor. O livro tem capa, projeto gráfico e diagramação do Artdesigner Irineu Baroni. (Rogério Salgado)























sexta-feira, 20 de julho de 2018

LANÇAMENTO DOS LIVROS “NAQUELES TEMPOS DA ARTE QUINTAL” E “GLÓRIA”




Eu, Rogério Salgado, estarei lançando os livros “Naqueles tempos da Arte Quintal”, dia 21 de agosto próximo, no Restaurante Farroupilha Grill, em Belo Horizonte, a Av. Olegário Maciel, 1801 – Lourdes - (próximo ao Shopping Diamond Mall), a partir das 19 horas e o livro “Glória”, dia 13 de setembro próximo, em Campos dos Goytacazes-RJ, minha terra natal, no Museu Histórico de Campos dos Goytacazes/RJ, a Praça Santíssimo Salvador, 40, a partir das 19 horas.
“Naqueles tempos da Arte Quintal” (co-edição RS Edições e Baroni Edições), tem organização de texto de Virgilene Araújo, projeto gráfico da capa, contracapa e miolo de Irineu Baroni, prefácio do escritor português Cunha de Leiradella e orelhas do jornalista Adair José, livro este que conta a história de uma das mais importantes revistas culturais que circulou no país. Criada em 1983 por Rogério, em companhia da médica e escritora Virgínia Reis e do amigo Ecivaldo John, a Revista Arte Quintal, após a edição nº 1 teve a adesão do poeta Wagner Torres e logo se transformaria em Editora, fechando suas portas em 1992, em decorrência do Plano Collor. Nas páginas do livro, o leitor encontrará os bastidores da revista, além de um registro histórico dos movimentos culturais e políticos na década de 80 e início de 90, já que seus editores também participaram entre outros, do movimento pelas Diretas Já, antes da morte de Tancredo Neves e do EPC-Encontro Popular de Cultura. Neste livro vem encartado o livro de poemas inéditos “Baú de memórias”.
“Glória” (co-edição RS Edições e Baroni Edições) é um livro baseado na exposição homônima, homenagem ao centenário da pianista Glória Salgado, minha mãe e que percorreu quase todos os Centros Culturais de Belo Horizonte, contendo todo o material da exposição, além de dois poemas inéditos, numa tiragem limitada de apenas 100 exemplares, numerados e rubricados pelo autor, também com projeto gráfico de Irineu Baroni.
Vejam abaixo um trecho de “Naqueles tempos da Arte Quintal” e um poema do livro “Glória”.

“(...) No número 3 da revista, criamos a coluna “Eu quero votar pra presidente”, na qual vários artistas diziam por que queriam votar para presidente.
A “revista” estava super antenada com as questões sociais e, entre outras conscientizações, conforme cito no resumo da edição número 3 da Arte Quintal, Virgínia fez uma denúncia sobre a industrialização do artesanato em Minas Gerais, onde em espaços como o da Praça da Liberdade, em que acontecia a Feira de Artesanatos, conhecida como “Feira Hippie”, hoje acontece na Avenida Afonso Pena, havia mais produtos industrializados do que artesanais.
Nessa época, vários artistas mineiros, incluindo nós, da Arte Quintal, já se reuniam para discutir as eleições diretas. Queríamos um presidente que fosse eleito por nós, mesmo se errássemos ou acertássemos, queríamos ser os donos da história e naquele finalzinho de ditadura, ainda éramos impedidos de contribuir com o futuro deste país. Queríamos o verdadeiro sentido da liberdade correndo em nossas veias.

O PIANO QUE MAMÃE TOCAVA
(O último Concerto)

Venderam o piano que mamãe tocava
a sala hoje encontra-se vazia.

No tempo do tempo do tempo
havia no canto de nossa velha casa
da Rua Doutor Mattos
além do criado mudo e móveis mais
a canção e a vida, na viagem
do piano que mamãe tocava.

- Quase tudo tem seu preço.
O piano que mamãe tocava
não tinha preço: tinha valor -                    

A tristeza e a alegria
na história dessa senhora
e o toque sutil de suas mãos
tão calejadas e sofridas
faziam todas as canções, belas.

Hoje, o canto encontra-se vazio
mas a nostalgia embala a criança
que amadureceu criança
nas lembranças daquele tempo.

Acordaram todos os sonhos
a velha senhora se foi
e a canção desencantou-se
no dia em que venderam
o piano que mamãe tocava.







quinta-feira, 5 de julho de 2018

CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS CONDENA BRASIL POR MORTE DE VLADIMIR HERZOG





 Tribunal reconhece pela 1ª vez violações da ditadura como crimes contra humanidade no Brasil e afirma que Lei da Anistia não exclui dever de investigar.


Quarenta e três anos após o jornalista Vladimir Herzog ser preso, torturado e assassinado no DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro pela primeira vez por um crime da ditadura militar como crime contra a humanidade. Em decisão histórica, o tribunal entendeu, por unanimidade, que mecanismos como a Lei da Anistia não excluem o dever de investigar e de punir responsáveis por violações.
De acordo com a decisão, o Estado brasileiro deve realizar uma investigação criminal dos fatos ocorridos em 25 de outubro de 1975 para "identificar, processar e, no caso, punir os responsáveis pela tortura e morte de Vladimir Herzog devido à característica de crime de lesa-humanidade dos acontecimentos e das correspondentes consequências jurídicas dos mesmos para o direito internacional".
sentença determina também que as instituições brasileiras reconheçam, sem exceção, a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade e que seja realizado um ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional pela violência praticada contra o jornalista e pela falta de investigação dos crimes.
No entendimento da Corte, o Estado brasileiro é responsável por violar direitos previstos na Convenção Americana de Direitos Humano e na Convenção Interamericana para Prevenir e Sancionar a Tortura, causando danos aos familiares Zora Herzog, Clarice Herzog, Ivo Herzog y André Herzog - respectivamente mãe, esposa e filhos do jornalista - pela falta de investigação, julgamento e punição dos responsáveis pelos crimes "cometidos em um contexto sistemático e generalizado de ataques a população civil".
A corte também condenou a aplicação da Lei da Anistia e de outros mecanismos de exclusão de responsabilidades proibidos pelo direito internacional em casos de crime contra a humanidade.
De acordo com a sentença, o Estado brasileiro deve pagar US$ 20 mil à Clarice Herzog, pelos gastos com processos judiciais "diante de tribunais nacionais e das 100 instâncias internacionais durante 20 anos". Também devem ser pagos US$ 40 mil a cada um dos 4 familiares por danos imateriais causados pelo sofrimento durante as últimas décadas. Como Zora faleceu em 2006, o valor deve ser repassado a seus descendentes.
Caberá ainda o pagamento de US$ 25 mil ao Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), ONG responsável pela defesa dos direitos humanos na Corte, e de US$ 4.260,95 ao Fundo de Assistência Legal de Vítimas da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
O Estado brasileiro tem um ano após ser notificado da sentença para informar ao tribunal sobre as medidas adotadas. Em seguida, o processo será supervisionado pela Corte.
Uma semana após o assassinato, mais de 8 mil pessoas participaram de um culto ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo.
As violações contra Vladimir Herzog se tornaram símbolo da ditadura militar. Uma semana após o assassinato, mais de 8 mil pessoas participaram de um culto ecumênico na Catedral da Sé, em São Paulo.
Em 24 de outubro de 1975, agentes do Exército convocaram Vlado para prestar depoimento sobre ligações com o Partido Comunista Brasileiro, que atuava na ilegalidade durante o regime militar. No dia seguinte, ele foi espontaneamente ao prédio do DOI-CODI, onde prestou depoimento em que negou qualquer relação com o partido.
À época do crime, a morte do jornalista foi oficialmente explicada como um suicídio, supostamente praticado com um cinto amarrado ao pescoço dele e preso a uma janela da cela DOI-CODI. Chegou a ser divulgada uma foto de Vladimir morto. Posteriormente, o autor da imagem, Silvaldo Leung Vieira confessou a "farsa do suicídio".
Em 1978, a Justiça brasileira, em sentença proferida pelo juiz Márcio José de Moraes, condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir Herzog. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu oficialmente que ele foi assassinado e concedeu uma indenização à sua família, que não a aceitou, por julgar que o Estado brasileiro não deveria encerrar o caso dessa forma.
O atestado de óbito só foi retificado mais de 15 anos depois. Em 2012, a Justiça de São Paulo determinou a alteração do motivo da morte de "asfixia mecânica" para "morte que decorreu de lesões e maus-tratos sofridos na dependência do II Exército de São Paulo (DOI-CODI)". A mudança foi feita após pedido da Comissão da Verdade, por solicitação da família do jornalista.
À época do crime, a morte do jornalista foi oficialmente explicada como um suicídio, supostamente praticado com um cinto amarrado ao pescoço dele e preso a uma janela da cela DOI-CODI.
Crime contra a humanidade
O caso chegou à Corte Interamericana de Direitos Humanos porque o Estado brasileiro não realizou não realizou as investigações pela morte do jornalista, mesmo após relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) determinar a investigação, o processamento e a punição dos envolvidos.
A Corte é um órgão judicial autônomo, criado pela OEA (Organização dos Estados Americanos), para interpretar e aplicar tratados de Direitos Humanos, entre eles a Convenção Americana de Direitos Humanos.
No Brasil, houve 3 tentativas de investigação do caso. A primeira, logo depois do crime, pela própria Justiça Militar, concluiu pelo suicídio do jornalista. Na segunda, em 1992, o Ministério Público do Estado de São Paulo pediu a abertura de um inquérito com base em novas informações, mas o Tribunal de Justiça decidiu pelo arquivamento, com base na Lei da Anistia. Em 2009, houve ainda uma tentativa do Ministério Público Federal, que também resultou em prescrição.
Promulgada em 1979, a Lei da Anistia reverte punições aos cidadãos brasileiros que, entre 1961 e 1979, foram considerados criminosos políticos pelo regime militar. No entendimento da Comissão Nacional da Verdade, contudo, a lei não poderia incluir agentes públicos que realizaram crimes como detenções ilegais e arbitrárias, tortura, execuções, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres, pois tais violações são incompatíveis com o direito brasileiro e considerados crimes contra a humanidade, não passíveis de anistia.
A norma ganhou força, contudo, em 2010, quando o STF (Supremo Tribunal Federal) confirmou a interpretação vigente de que, em função de um acordo político, a Anistia beneficiou tanto os perseguidos políticos quanto os agentes de Estado e particulares que os perseguiram.
Neste cenário, em dezembro de 2007, o procurador regional da República, Marlon Alberto Weichert, do estado de São Paulo, ofereceu uma representação à Corte Interamericana de Direitos Humanos em que pede a apuração dos crimes contra Vladimir Herzog.

(Publicado in NOTÍCIAS - 4/7/2018)











sexta-feira, 15 de junho de 2018

“POEMAS FORTUITOS & PROSAS SINGELAS”: POESIA E PROSA, ANTES DE TUDO, HUMANA*



Não gosto de poesia extremamente técnica e fria, gosto de emoção. Gosto de ouvir pessoas contarem suas vidas sem lapidarem seus sentimentos. Gosto daquilo que é sincero e puro. Gosto do que é humano.
Em “Poemas fortuitos & Prosas singelas”, (Editora São Gerônimo), a poesia de Nívea Reis é assim: pura e sincera, sem preocupações estéticas. Apenas nos diz o que vem da sua alma. Por isso, emociona. Se há rimas, elas são espontâneas e essa espontaneidade dá uma certa beleza aos seus versos. Confesso que gosto e muito dos versos de Nívea Reis.
Sua poesia antes de tudo tem sinceridade e fala com humanidade. É um desabafo em versos. Vi muito isso em Manoel Bandeira: “Por trás da indignação,\Desejo de melhorar.\Por trás da agressividade,\Desejo de me defender.\Por trás da insegurança,\Desejo de ser protegida.\Por trás do mau humor,\Desejo de ser feliz.\Por trás de tudo isto,\Desejo de amar e ser amada!”
O sabor e a leveza que vêm na sua poesia, nos lembra uma criança a nos dizer coisas, dessas que nos surpreende a cada instante. E a verdadeira poesia, assim como as crianças, são puras de coração. Os poemas deste “Poemas fortuitos & Prosas singelas” são pérolas sem lapidação, aquelas que não precisam porque já nascem cobertas de beleza natural. Daí a sua força a nos dizer verdades.
A vida do poeta é diferente. É uma vida de questionamentos, já que sua percepção vai além dos que não carregam em si, a sensibilidade. E esse fato que diferencia o poeta está justamente no que lemos em sua obra: “Senhor, permita me saber,\Porque há no mundo tanta dor,\Porque há no mundo tanto sofrer\Se o Senhor é todo amor?\Quantas tragédias aconteceram\Quantos crimes hediondos\O Cristo em abandono\Quantos mártires pereceram...\Ó! Senhor de todos os corações\Não permitas que todos os dias\Tantos inocentes em orações\Continuem perdendo suas vidas\Ó! Senhor Absoluto\Permita que doravante\Todos os teus filhos em luto\Vislumbrem um futuro brilhante!”
Na segunda parte do livro observamos sua poesia mais próxima daqueles que verdadeiramente ama: uma poesia mais íntima e que por assim ser, traz em suas palavras, a proximidade com o leitor. Taí a sua maior grandeza: dividir sua alma com quem está mais próximo.
Mais além, em “Pensando nele...” descobrimos em sua intimidade, o amor. Aqui, a poeta se desnuda sem pudor e sem receios e abre seu coração apaixonado. E qual ser humano nunca se apaixonou? Transformar esse sentimento em poesia, isso cabe aos poetas e Nívea Reis sabe como poucos, realizar esse feito:“Mais uma vez me inspiro\Na tua imagem duradoura\A qual me arranca suspiros\Numa paixão imorredoura\Quero de relance lhe propor\O que para mim é um prazer\Provar o doce mel do amor\Que dos teus lábios está a correr\Mas algo me faz ponderar\É preciso paciência\ É preciso esperar\Algum dia hás de descobrir\Quão puro é o meu amor.”
Em “Prosas singelas” que encerra o livro, descobrimos uma prosadora que faz reflexões vívidas e vividas em seu dia a dia. Nas duas únicas crônicas escritas em inglês, nas quais percebemos que a autora vai além da sua língua pátria,
escrevendo com naturalidade nesse idioma, ela nos diz de seus desejos de outrora, quando queria ser como artistas que tanto admira, mas que hoje se sente feliz em ter vivido essa ilusão de criança, assim como também nos faz refletir sobre a mocidade e a velhice, que as duas podem (e devem) caminhar juntas. Aqui, sua emoção vai além e diz o que tem de dizer, apenas pelo fato de ser, antes de tudo, um ser humano pensante.
“Poemas fortuitos & Prosas singelas” é isso, um livro para se ler sem pretensões, mas apenas num desabotoar de sentimentos, deixar-se invadir pela poesia humana, essa poesia de Nívea Reis.
Contato: niveaescola@hotmail.com(31) 996269880

*Prefácio do livro escrito por mim.

segunda-feira, 23 de abril de 2018

ARTIGO DA MINHA AMIGA DALVA SILVEIRA. LEIAM COM CARINHO.



Compartilho com você o Suplemento do Jornal Literarte, de março de 2018, dedicado à publicação do artigo “Geraldo Vandré em João Pessoa: um concerto e um encontro de puro sentimento e arte!”, que escrevi com muita alegria! Ter participado de um momento muito esperado e que considero muito importante para a história da cultura brasileira, me trouxe muito conforto e esperança, num tempo de tantos rancores e dissabores! Espero que você tenha a mesma sensação ao ler o texto! Salve a poesia e a música brasileira!
Abraços,
Dalva Silveira

Preâmbulo       

Em 1968, no auge de sua carreira, com a consagração da música “Pra não dizer que não falei das flores”, o compositor Geraldo Vandré tornou-se um ícone daquele período histórico, mas, também, alvo de perseguições políticas. Em excursão pelo Brasil, apresentou-se em território brasileiro, pela última vez, no dia 12 de dezembro de 1968, em Goiás. Lá saberia do ato institucional, promulgado no dia seguinte, e, ao ter consciência dos riscos que corria, entrou em seguida na clandestinidade. Em fevereiro de 1969, o artista partiu para o exílio. Em 1973, ao retornar para o Brasil, encerrou prematuramente sua carreira musical. Agora, nos dias 22 e 23 de março de 2018, o artista voltou aos palcos no Brasil depois de 50 anos, em apresentação histórica em João Pessoa, sua cidade natal.  Dalva Silveira teve o prazer de estar presente nestes memoráveis eventos e descreve essa sua experiência em artigo emotivo e reflexivo, escrito no calor dos acontecimentos.
Em 1968, no auge de sua carreira, com a consagração da música “Pra não dizer que não falei das flores”, o compositor Geraldo Vandré torna-se um ícone daquele período histórico, mas também alvo de perseguições políticas e parte para o exílio. Em 1973, ao retornar para o Brasil, encerra prematuramente sua carreira musical. Com base na seleção e análise de 68 matérias sobre o cantor, publicadas em jornais e revistas brasileiras, de 1966 a 2009, este trabalho propõe abordar as contribuições da mídia impressa brasileira para que ocorresse uma espécie de mitificação do cantor Geraldo Vandré e a associação de sua imagem às ideias de protesto.
Vandré é, ao mesmo tempo, uma figura exemplar e singular: é um caso típico do artista envolvido com a contestação ao regime militar entre os anos de 1964 e 68, perseguido, censurado, exilado e repatriado. Mas, diferentemente de outros, como, por exemplo, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que, como ele, passaram pelo mesmo processo sócio-histórico, o compositor não retornou à carreira artística e transformou-se em uma figura controversa.
Geraldo Vandré é, ao mesmo tempo, uma figura exemplar e singular: é um caso típico do artista envolvido com a contestação ao regime militar entre os anos de 1964 e 68, perseguido, censurado, exilado e repatriado. Mas, diferentemente de outros, como, por exemplo, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que, como ele, passaram pelo mesmo processo sócio-histórico, o compositor não retornou à carreira artística.
Geraldo Vandré em João Pessoa: um concerto e um encontro de puro sentimento e arte!

Dalva Silveira*

Torno público agora um texto escrito no calor dos acontecimentos e preenchido por impressões e sentimentos pessoais acerca da cidade, do histórico concerto e do encontro com o memorável artista. Esses eventos, por serem extremamente sensíveis, estão longe de ser completamente dizíveis. Sendo assim, tentarei compartilhar um pouco de minhas lembranças sobre esses momentos valorosos de minha vida.
Chegamos a João Pessoa no entardecer do dia 21 de março de 2018 e presenciamos um apagão que assolou partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil. Mas posso dizer que se a entrada na aconchegante cidade se deu no escuro, todo o transcorrer da visita foi preenchido por muita luz.
No dia 22 de março, durante o dia, senti-me energizada pelo compartilhamento de ideias entre um grupo de cinco admiradores do artista Geraldo Vandré que se dirigiram a João Pessoa para assistir ao concerto. Éramos duas mineiras, eu e minha adorável irmã, Márcia Maria, e três queridos paulistas, a saber: Sonia Chébel, guardiã de uma gravação histórica do compositor ainda dos anos de 1960, seu esposo, Alceu Sparti,e o escritor Vitor Nuzzi. Nós nos unimos através da obra do Vandré. Também me revigoraram a leveza dos pessoenses e um“céu fundo e um mar bem largo”, muito bem traduzidos por Geraldo Vandré,  que preenchem a hospitaleira cidade.
À noite, inicialmente, senti-me encantada pelo monumental e moderno Centro Cultural José Lins do Rego e acolhida pela confortável Sala Maestro José Siqueira, com capacidade para apenas 570 pessoas. O local, escolhido de modo coerente pelo artista,  além de ter dado um tom intimista ao evento, fugiu  aos padrões dos shows que refletem a arte de consumo e a cultura de massas, temas que vêm sendo criticados por Geraldo, que se apresentou em espetáculo gratuito.
Maior encanto foi se dando com o decorrer da apresentação do Recital intitulado  “Música e Poesia da Capitania de Wanmar”, que  transbordou muita poesia.No primeiro ato, Geraldo Vandré, sempre afável e carinhoso com a amiga, pianista e cantora Beatriz Malnic, agradeceu-lhe e atribuiu a ela a possibilidade de expressar a sua arte. Iniciou-se a noite com um dueto em que se percebeu muita entrega e sintonia entre os intérpretes. Ao ouvir a voz do compositor, fui tomada por um sentimento nostálgico que me remeteu às performances de suas apresentações durante os anos de 1960. Sua voz contundente e forte estava em sintonia com um tempo de idealismo, paixão pela arte e crença numa transformação e num futuro promissor para o país. A pianista, por sua vez, apresentou voz doce e contagiante, criando uma maviosidade única. Os dois cantaram algumas composições, com destaque para “À minha pátria”, canção que muito me emocionou e foi repetida ao final do recital, devido aos pedidos de “mais um”.  O cantor, numa entrega total, também declamou alguns poemas, acompanhado pelo compositor e instrumentista AlquimidesDaera, que dedilhou, com muito sentimento, ora um violão e ora uma viola caipira. Em seguida, Beatriz tocou ao piano quatro cantinelas, feitas em parceria com Vandré, momento que me levou ao encontro de aprimoração artística e serenidade.  
A plateia também foi agraciada por um segundo ato, com o majestoso conjunto de sons da Orquestra Sinfônica da Paraíba que, sob a regência do maestro Luiz Carlos Durier e arranjos de Jorge Ribbas, artista que tive o prazer de conhecer e compartilhar conhecimentos, apresentou, juntamente com o esplêndido Coro Sinfônico da Paraíba, regida por Daniel Berg, as composições “Fabiana”, “À minha pátria” e a simbólica “Pra não dizer que não falei das flores”. Essa, conhecida popularmente como “Caminhando”, foi cantada pelo próprio compositor, num dos momentos mais emblemáticos do espetáculo. Porém, para mim, o momento mais significativo da noite se deu no seu fechamento, quando Darlan Ferreira,amigo e produtor musical  do compositor, entrega-lhe uma bandeira do Brasil, em que na faixa central vê-se escrito,  no lugar de "Ordem e Progresso", a expressão  “Somos todos iguais”, convite à uma reflexão sobre um dos maiores males do país e que, no meu entendimento, gera o caos em que nos vemos afogados: o egoísmo nas relações cotidianas e a enorme desigualdade social que assola a nossa pátria. Convidada por Geraldo, tive o enorme prazer de assistir novamente ao espetáculo no dia seguinte, 23 de março, e desses dois momentos trago comigo impressões em torno de diversidade artística, comprometimento, seriedade, espontaneidade, entrega e partilha.
Darlan Ferreira, muito atencioso, comunicou sobre um encontro que aconteceria entre eu, juntamente com os outros quatro admiradores do compositor, e Geraldo Vandré, durante a manhã do dia 23. Esse, assim como o recital, me proporcionou profícuas lições que levarei comigo para sempre. O longo bate papo, que transbordou sinceridade, foi acompanhado pela brisa matutina e deu-se em frente ao mar de águas cristalinas, iluminado pelo sol radiante e singular de João Pessoa. O artista, de modo descontraído, trouxe à tona memórias de sua infância, da vida escolar, de sua relação afetiva com o pai e com os amigos,de seu amor à Paraíba e de seu exílio. De nossa conversa, além de várias reflexões, ficou uma bela imagem do artista, uma pessoa simples, de extrema inteligência e conhecimento, que preza valores que eu considero imprescindíveis, tais como coerência, honestidade, sinceridade, família, amizade e conhecimento.
 Algumas expressões do compositor ficaram gravadas na memória, como a máxima “o mundo não tem lógica”. Para mim, talvez essa consciência da irracionalidade das coisas pode ter sido determinante para que o cantor se apartasse do mundo e voltasse para dentro de si mesmo, lugar onde devemos procurar todas as respostas que procuramos.
O encontro me proporcionou uma felicidade ainda mais especial: a avaliação positiva que o artista fez de minha obra, considerada por ele muito rica em informações e, dos livros escritos sobre ele, “o mais honesto”. Prezo muito esse adjetivo! Nesse momento, senti-me leve e emocionada, por concluir que havia alcançado o meu maior objetivo, ao dedicar, com paixão e sinceridade, seis anos de minha vida em pesquisas sobre a trajetória do compositor: escrever uma obra respeitosa, na contramão de muitos julgamentos rasos e irresponsáveis com os quais me deparei.  Tentei apresentar uma análise cuidadosa, histórica e sociológica que tentasse explicar os fatores que levaram esse compositor ímpar a interromper prematuramente sua carreira artística. Então, lamento a consequente perda cultural para a sociedade brasileira ocasionada pelo seu afastamento do cenário musical brasileiro por quase 50 anos. Acho que o Geraldo tem razão quando diz que “o mundo não tem lógica”. Concluo este depoimento com uma breve análise subjetiva sobre a letra de uma canção, uma de minhas preferidas, cuja temática é o amor: “Pequeno concerto que ficou canção”. A composição, talvez, possa auxiliar na tentativa de encontrar um sentido para o fato de o compositor ficar tantos anos sem cantar em público:

“Não
Não há por que mentir ou esconder
A dor que foi maior do que é capaz meu coração
Não
Nem há por que seguir
Cantando só para explicar
Não vai nunca entender de amor
Quem nunca soube amar.
Ah...
Eu vou voltar pra mim
Seguir sozinho assim
Até me consumir
Ou consumir
Toda essa dor
Até sentir de novo
O coração
Capaz de amor.”

Para mim, o recital e o encontro foram a mais pura demonstração de um coração “capaz de amor”. 

* Doutora e Mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP; Graduada em História pela UFMG; Especialista em Ensino Técnico pelo CEFET-MG. Autora do livro Geraldo Vandré: a vida não se resume em festivais (Fino Traço). E-mail: dalvasilveira@yahoo.com.br.