Eu,
Rogério Salgado, estarei lançando os livros “Naqueles tempos da Arte Quintal”,
dia 21 de agosto próximo, no Restaurante Farroupilha Grill, em Belo Horizonte,
a Av. Olegário Maciel, 1801 – Lourdes - (próximo ao Shopping Diamond Mall), a
partir das 19 horas e o livro “Glória”, dia 13 de setembro próximo, em Campos
dos Goytacazes-RJ, minha terra natal, no Museu Histórico de Campos dos
Goytacazes/RJ, a Praça Santíssimo Salvador, 40, a partir das 19 horas.
“Naqueles
tempos da Arte Quintal” (co-edição RS Edições e Baroni Edições), tem
organização de texto de Virgilene Araújo, projeto gráfico da capa, contracapa e
miolo de Irineu Baroni, prefácio do escritor português Cunha de Leiradella e orelhas
do jornalista Adair José, livro este que conta a história de uma das mais
importantes revistas culturais que circulou no país. Criada em 1983 por Rogério,
em companhia da médica e escritora Virgínia Reis e do amigo Ecivaldo John, a
Revista Arte Quintal, após a edição nº 1 teve a adesão do poeta Wagner Torres e
logo se transformaria em Editora, fechando suas portas em 1992, em decorrência
do Plano Collor. Nas páginas do livro, o leitor encontrará os bastidores da
revista, além de um registro histórico dos movimentos culturais e políticos na
década de 80 e início de 90, já que seus editores também participaram entre
outros, do movimento pelas Diretas Já, antes da morte de Tancredo Neves e do
EPC-Encontro Popular de Cultura. Neste livro vem encartado o livro de poemas
inéditos “Baú de memórias”.
“Glória”
(co-edição RS Edições e Baroni Edições) é um livro baseado na exposição
homônima, homenagem ao centenário da pianista Glória Salgado, minha mãe e que
percorreu quase todos os Centros Culturais de Belo Horizonte, contendo todo o
material da exposição, além de dois poemas inéditos, numa tiragem limitada de
apenas 100 exemplares, numerados e rubricados pelo autor, também com projeto
gráfico de Irineu Baroni.
Vejam
abaixo um trecho de “Naqueles tempos da Arte Quintal” e um poema do livro
“Glória”.
“(...) No número 3 da revista, criamos a coluna “Eu quero
votar pra presidente”, na qual vários artistas diziam por que queriam votar
para presidente.
A “revista” estava super antenada com as questões sociais
e, entre outras conscientizações, conforme cito no resumo da edição número 3 da
Arte Quintal, Virgínia fez uma denúncia sobre a industrialização do artesanato em
Minas Gerais, onde em espaços como o da Praça da Liberdade, em que acontecia a
Feira de Artesanatos, conhecida como “Feira Hippie”, hoje acontece na Avenida Afonso
Pena, havia mais produtos industrializados do que artesanais.
Nessa época, vários artistas mineiros, incluindo nós, da
Arte Quintal, já se reuniam para discutir as eleições diretas. Queríamos um
presidente que fosse eleito por nós, mesmo se errássemos ou acertássemos,
queríamos ser os donos da história e naquele finalzinho de ditadura, ainda éramos
impedidos de contribuir com o futuro deste país. Queríamos o verdadeiro sentido
da liberdade correndo em nossas veias.
O PIANO QUE MAMÃE
TOCAVA
(O último Concerto)
Venderam o piano que
mamãe tocava
a sala hoje
encontra-se vazia.
No tempo do tempo do
tempo
havia no canto de
nossa velha casa
da Rua Doutor Mattos
além do criado mudo e
móveis mais
a canção e a vida, na
viagem
do piano que mamãe
tocava.
- Quase tudo tem seu
preço.
O piano que mamãe
tocava
não tinha preço:
tinha valor -
A tristeza e a
alegria
na história dessa
senhora
e o toque sutil de
suas mãos
tão calejadas e
sofridas
faziam todas as
canções, belas.
Hoje, o canto
encontra-se vazio
mas a nostalgia
embala a criança
que amadureceu
criança
nas lembranças
daquele tempo.
Acordaram todos os
sonhos
a velha senhora se
foi
e a canção
desencantou-se
no dia em que
venderam
o piano que mamãe
tocava.
Um comentário:
Cada batida no teclado (que significa uma oculta martelada sonora) ainda dói no coração saudoso de quem possui memória e, portanto, lembranças.
Como repercute o som nas fibras do passado.
Postar um comentário