Caso
ainda estivesse entre nós, o compositor Sérgio Sampaio estaria comemorando 70
anos 2017. Mas esse fato infelizmente passou despercebido do grande público e
da mídia em geral. Talvez um dos cinco mais importantes compositores
brasileiros de todos os tempos, Sérgio Sampaio foi pouco valorizado quando
ainda estava entre nós.
Nascido
na mesma cidade natal do Rei Roberto Carlos, em Cachoeiro do Itapemirim\ES, em
13 de abril de 1947, Sérgio Moraes Sampaio, filho do maestro da banda de música
e fabricante de sapatos Raul Gonçalves Sampaio (1900-1992) e da professora
primária Maria de Lourdes de Moraes (1916-1990), teve infância humilde, na casa
nº 65, da Rua Moreira.
No
final de 1967, foi com a cara e a coragem para o Rio de Janeiro, tentar a vida
como artista. Na cidade maravilhosa conheceu Raul Seixas, então produtor
musical da CBS, que sentiu seu talento e lhe abriu as portas. Além de vários
compactos simples e duplos, em 1971 participou de um disco revolucionário, ao
lado de Raul, Edy Star e Miriam Batucada, intitulado “Sociedade da Gran Ordem
Karvenista apresenta sessão das dez”, gravado quando os diretores da gravadora
estavam viajando e retirado do mercado após a volta dos mesmos.
Em
1972, Sérgio ganhou fama nacional com a participação no Festival Internacional
da Canção, com a marcha-rancho “Eu quero é botar meu bloco na rua”. Neste mesmo
ano lançou pela Phonogram, o LP homônimo, que fez bastante sucesso. Em 1976
saiu pela Continental, seu segundo LP “Tem que acontecer”. De temperamento
forte e difícil, além de boêmio inveterado, teve a portas fechadas pelas
gravadoras, tornando-se mais um dos chamados popularmente de “malditos”. Em
1981 compôs para o LP “Mulher” de Erasmo Carlos, uma das mais belas pérolas da
nossa MPB, intitulada “Feminino coração de Deus”. Em 1982, financiado por amigos e pela família, lançou independente
o LP “Sinceramente”, que teve pouca vendagem e boas críticas. Com a falta de perspectivas, ganhou a vida
fazendo esporádicos shows.
No
começo de 1994, foi convidado pelo selo independente Baratos Afins para gravar
um disco de inéditas, o que o deixou muito feliz. Mas às cinco horas da manhã
do dia 15 de maio daquele ano, veio a falecer por causa de uma pancreatite,
devido à vida desregrada a álcool em que vivia.
Em 1998
o compositor Sérgio Natureza produziu o CD “Balaio do Sampaio” com
participações do próprio cantando “Eu quero é botar meu bloco na rua” e
participações de Chico César, Erasmo Carlos, João Bosco, Zeca Baleiro, Zizi
Possi, Lenine, João Nogueira, Eduardo Dusek, Renato Piau, Jards Macalé, Luiz
Melodia e Elba Ramalho. Em 2005, Zeca Baleiro produziu o CD póstumo “Cruel”,
com músicas inéditas.
Considerado
um dos maiores gênios musicais da nossa MPB, Sérgio Sampaio está sendo
redescoberto por quem aprecia o melhor da música brasileira. No livro “Eu quero
é botar meu bloco na rua - biografia de Sérgio Sampaio” (Edições
Muiraquitá-2000), escrito por Rodrigo Moreira, hoje raridade, mas que poderá
ser encontrado nos melhores sebos do país. O escritor e jornalista Caio
Fernando Abreu, numa crônica publicada em 24\07\1994 no jornal O Estado de São
Paulo, definiu: “Sérgio era um
pós-tropicalista, uma espécie de elo entre Mutantes, Tom Zé, e o que de melhor
veio depois – Cazuza, Lobão, Ângela Rorô, Raul Seixas, que ele adorava, todos
sofreram sua influência. Gravou três ou quatro LPs malditos, era rebelde demais
para se sujeitar à caretice das gravadora. (...) Como Torquato Neto, é uma
figura perfeita para ser ressuscitada, mitificada e, claro, vendida. No além,
Sérgio vai rolar de rir...”
Hoje,
Sérgio Sampaio é regravado por cantores que buscam suas canções.
E quem
quiser conhecer a genialidade de Sérgio Sampaio, é só buscar no yourtube o que
há de melhor desse cara.
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