“Na
primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não
dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam
nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra
sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a
voz da garganta. E já não podemos dizer nada.”
Eduardo
A. Costa (No caminho com Maiakóvski)
A eleição presidencial
entrou nos dias decisivos. Face à grave situação do Brasil e às características
de Jair Bolsonaro, a Comissão da Verdade em Minas Gerais – órgão não de
governo, mas de Estado, cuja finalidade legal se realizou em fevereiro –
pronuncia-se em nome de seu trabalho, lembrando a galeria infindável de
horrores comprovados em sua apuração e coerente com as conclusões de seu
Relatório Final.
O candidato da
extrema-direita, em 30 anos de mandatos, nunca votou em projetos de lei
favoráveis às classes populares e sempre aprovou políticas em benefício dos
magnatas e poderosos. Ademais, sua carreira parlamentar primou por atos e
declarações truculentas contra mulheres, negros e outros segmentos
discriminados.
O candidato que defende
o golpe de 1964, com os seus crimes – torturas, assassinatos, perseguição aos
oposicionistas, ataque às universidades, intervenções nas entidades sindicais e
eliminação das liberdades democráticas –, prega o retorno ao regime
ditatorial-militar que mergulhou a Nação no seu período mais sombrio.
O candidato vassalo da
geopolítica estadunidense quer privatizar as empresas estatais, eliminar as
conquistas trabalhistas, destruir a Previdência e acabar com as políticas
sociais. Confunde segurança pública com extermínio e guerra civil. Pretende
suprimir o regime democrático, os direitos fundamentais e as liberdades civis.
O candidato que prega o ultra
liberalismo econômico, o entreguismo antinacional, o reacionarismo político, o
obscurantismo cultural, o falso-moralismo conservador e a intolerância perante
as diferenças, também pratica métodos fascistas de ação, como preconceito,
intimidação, mentira e ódio a tudo que discrepa de seus dogmas.
O candidato que tenta
enganar algumas parcelas da população e transformar o Governo em arma para
submeter a si o Congresso, o Judiciário, os Entes Federativos e as próprias
Forças Armadas – tornando-as uma turba policialesca à margem do
profissionalismo e da legalidade – tem como propósito a instauração do
arbítrio.
Portanto, este momento
exige a união dos democratas e progressistas, para além dos partidos,
ideologias, doutrinas políticas e opiniões individuais. Para quem defende os
direitos humanos e demais interesses populares, a única opção civilizada e
sensata à crise político-institucional é barrar já, nas urnas e nas ruas, o
plano despótico em curso. As hordas liberticidas não roubarão de novo “a flor
do nosso jardim”.
Belo Horizonte, 8 de
outubro de 2018
Comissão da Verdade em
Minas
4 comentários:
Eu vivi a Revolução Reformista de 64 e tinha só vinte ANOS. Caminhando e cantando e seguindo a canção... Vandré.
Democracia , Nara Leão. Onde foi parar o cérebro ímpar de Arthur da Tavola? Ou Thiago de Melo com os Estáticos do Homem?
Cantei com as minhas crianças ESTE É UM PAÍS QUE VAI PRA FRENTE ...
FOI???
Obrigada, Rogério .
Bravo Rogerio! vamos fazer de tudo para não roubarem e nem pisotearem com seus coturnos as flores dos nossos jardins! Haddad sim! Nas ruas e nas urnas!
Eu Rogério.Um grande abraço.Entre em contato
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