sexta-feira, 24 de novembro de 2017

ESQUECIDO, SÉRGIO SAMPAIO FARIA 70 ANOS

Caso ainda estivesse entre nós, o compositor Sérgio Sampaio estaria comemorando 70 anos 2017. Mas esse fato infelizmente passou despercebido do grande público e da mídia em geral. Talvez um dos cinco mais importantes compositores brasileiros de todos os tempos, Sérgio Sampaio foi pouco valorizado quando ainda estava entre nós.
Nascido na mesma cidade natal do Rei Roberto Carlos, em Cachoeiro do Itapemirim\ES, em 13 de abril de 1947, Sérgio Moraes Sampaio, filho do maestro da banda de música e fabricante de sapatos Raul Gonçalves Sampaio (1900-1992) e da professora primária Maria de Lourdes de Moraes (1916-1990), teve infância humilde, na casa nº 65, da Rua Moreira.
No final de 1967, foi com a cara e a coragem para o Rio de Janeiro, tentar a vida como artista. Na cidade maravilhosa conheceu Raul Seixas, então produtor musical da CBS, que sentiu seu talento e lhe abriu as portas. Além de vários compactos simples e duplos, em 1971 participou de um disco revolucionário, ao lado de Raul, Edy Star e Miriam Batucada, intitulado “Sociedade da Gran Ordem Karvenista apresenta sessão das dez”, gravado quando os diretores da gravadora estavam viajando e retirado do mercado após a volta dos mesmos.
Em 1972, Sérgio ganhou fama nacional com a participação no Festival Internacional da Canção, com a marcha-rancho “Eu quero é botar meu bloco na rua”. Neste mesmo ano lançou pela Phonogram, o LP homônimo, que fez bastante sucesso. Em 1976 saiu pela Continental, seu segundo LP “Tem que acontecer”. De temperamento forte e difícil, além de boêmio inveterado, teve a portas fechadas pelas gravadoras, tornando-se mais um dos chamados popularmente de “malditos”. Em 1981 compôs para o LP “Mulher” de Erasmo Carlos, uma das mais belas pérolas da nossa MPB, intitulada “Feminino coração de Deus”. Em 1982, financiado por amigos e pela família, lançou independente o LP “Sinceramente”, que teve pouca vendagem e boas críticas.  Com a falta de perspectivas, ganhou a vida fazendo esporádicos shows.
No começo de 1994, foi convidado pelo selo independente Baratos Afins para gravar um disco de inéditas, o que o deixou muito feliz. Mas às cinco horas da manhã do dia 15 de maio daquele ano, veio a falecer por causa de uma pancreatite, devido à vida desregrada a álcool em que vivia.
Em 1998 o compositor Sérgio Natureza produziu o CD “Balaio do Sampaio” com participações do próprio cantando “Eu quero é botar meu bloco na rua” e participações de Chico César, Erasmo Carlos, João Bosco, Zeca Baleiro, Zizi Possi, Lenine, João Nogueira, Eduardo Dusek, Renato Piau, Jards Macalé, Luiz Melodia e Elba Ramalho. Em 2005, Zeca Baleiro produziu o CD póstumo “Cruel”, com músicas inéditas.
Considerado um dos maiores gênios musicais da nossa MPB, Sérgio Sampaio está sendo redescoberto por quem aprecia o melhor da música brasileira. No livro “Eu quero é botar meu bloco na rua - biografia de Sérgio Sampaio” (Edições Muiraquitá-2000), escrito por Rodrigo Moreira, hoje raridade, mas que poderá ser encontrado nos melhores sebos do país. O escritor e jornalista Caio Fernando Abreu, numa crônica publicada em 24\07\1994 no jornal O Estado de São Paulo, definiu: “Sérgio era um pós-tropicalista, uma espécie de elo entre Mutantes, Tom Zé, e o que de melhor veio depois – Cazuza, Lobão, Ângela Rorô, Raul Seixas, que ele adorava, todos sofreram sua influência. Gravou três ou quatro LPs malditos, era rebelde demais para se sujeitar à caretice das gravadora. (...) Como Torquato Neto, é uma figura perfeita para ser ressuscitada, mitificada e, claro, vendida. No além, Sérgio vai rolar de rir...”
Hoje, Sérgio Sampaio é regravado por cantores que buscam suas canções.
E quem quiser conhecer a genialidade de Sérgio Sampaio, é só buscar no yourtube o que há de melhor desse cara.