sábado, 24 de outubro de 2020

EXPOSIÇÃO E LANÇAMENTO DE LIVRO: VANDER LÚCIO MACCIEL E ROGÉRIO SALGADO

Dia 6 de janeiro próximo\2021 estará acontecendo o primeiro evento oficial de 2021 na Livraria Páginas, a Rua Padre Eustáquio nº 2475 – Loja 6, bairro Padre Eustáquio, em Belo Horizonte\MG. É que a partir das 18h30, acontecerá à abertura da exposição “As cores e os versos” do artista plástico Vander Lúcio Macciel, inspirado em poemas do poeta Rogério Salgado. No mesmo dia e horário também acontecerá o lançamento do livro “Volúvel Fado” de Rogério Salgado, comemorando 45 anos de carreira poética em 2020 e 67 anos de idade em 2021.

A exposição “As cores e os versos” é composta de 13 pinturas inspiradas em poemas de Rogério Salgado, além de uma escultura intitulada “Linhas da memória", também autoria Vander Lúcio Macciel, feita a partir da coleção de canetas que lhe foi doada pelo poeta Rogério Salgado e que será sorteada entre os que adquirirem o livro.

“Volúvel Fado” tem projeto gráfico da capa (com ilustração de Vander Lúcio Macciel), contracapa e miolo do artdesigner Irineu Baroni e prefácio da escritora paulista Anita Costa Prado. Com tiragem de 500 exemplares, o livro vem com 48 páginas, num formato simples, com 31 poemas escritos nos últimos dois anos. “Em 2018 eu havia escrito poucos poemas, mas ao longo desses 2019 e 2020 realmente estive sem inspiração por causa dos rumos que o país seguiu em relação a tudo e principalmente a cultura. Daí ter escrito tão pouco nesses últimos dois anos.”, desabafa o poeta.

Vander Lúcio Macciel é natural de Belo Horizonte. Artista plástico autodidata, desde criança já colocava algumas idéias no papel, mais como brincadeira, e gostava de ver os desenhos e entalhes em lápis que havia feito em sala de aula. A pintura iniciou-se na década de 90, quando comprou de um colega de trabalho, uma coleção de livros sobre técnicas de desenho e pintura. Expôs seus trabalhos em vários locais da capital mineira, tais como Espaço da Assembléia Legislativa de MG, Centro Cultural Padre Eustáquio, etc. Ilustrou as capas dos livros “Envolver na criação” (Costelas Felinas) e “Volúvel Fado” (RS Edições) do poeta Rogério Salgado. Tem parceria com a Galeria Art` Imperial do artista plástico Wallace Alves, localizada em Itatiaia, Ouro Branco/MG, aonde lá vem produzindo e comercializando suas obras aos turistas que percorrem o circuito da Estrada Real.

Rogério Salgado é natural de Campos dos Goytacazes\RJ. Veio para Belo Horizonte em 1980. Em 1982 publicou seu livro de estréia “Tontinho” (Conto – Edição do Autor). Na década de 80, foi editor da Revista Arte Quintal. Realizou entre 2005 e 2014 com Virgilene Araújo, o “Belô Poético Encontro Nacional de Poesia” de Belo Horizonte. Também com Virgilene Araújo, idealizou e concebeu o projeto “Poesia na Praça Sete”, projeto esse realizado com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Belo Horizonte. Publicou mais de 30 livros. Tem trabalhos publicados em jornais do Brasil e do exterior.

O evento é uma realização da Livraria Páginas e conta com o apoio de Baroni Edições, Restaurante Dona Preta, Cachaçaria Ouro 1 e Qualigraf Copiadora.

A exposição ficará aberta ao público até o final de janeiro.

Abaixo, dois poemas do livro:

 

VOLÚVEL FADO

Meu coração tão instável

fadado a ser infeliz

honesto em suas certezas

mas sempre se contradiz.

 

É um favo doce inquietante

pulsante fino gentil

só chora um fado amargo

por não conseguir ser ardil.

 

Deságua num mar de soluços

carente de colo e calor

é um coração tão volúvel

mas vive em busca de amor.

 

(Parceria com Virgilene Araújo)

 

HUMANO

Cada partícula de mim é poesia

por isso sou humano

e mano a mano

 

por cada ser humano

que merece respeito.

 

Preciso amar e ser amado

por isso estar próximo da cor de rosa

do arco-íris e da negritude.

 

Choro pelos poros

por aqueles que sentem fome

pelo desrespeito humano

e não me dou por vencido

se minha palavra for navalha

 

pois a palavra fere

se for dita com verdade.

Ilusões são sonhos perdidos

que não realizaremos.

 

Cada lágrima que me choro pra dentro

sai de mim salgada nos versos

que escrevo no branco do papel

pois os versos são eu

poesia verdadeira a quem queira ler

poesia verdadeira a quem a recusar

minha palavra é o que digo, sempre

na hora de versejar.

 

 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

OS HERÓIS DO PRESIDENTE (APENAS UM DESABAFO)


Quem são os heróis do presidente eleito em 2018?  

Carlos Alberto Brilhante Ustra foi um coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército (de 1970 a 1974), um dos órgãos atuantes na repressão política, durante o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985) e único torturador oficialmente condenado pelos seus crimes.  Também era conhecido pelo codinome Dr. Tibiriçá. Foi através deste assassino que alguém que conheci um dia e que cometeu o erro de paquerar um comunista, sem saber que o mesmo era disso, e por isso perdeu a virgindade num pau de arara aos 17 anos, quando ainda era menor de idade. Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar condenado pela Justiça Brasileira pela prática de tortura durante a ditadura. Embora reformado, continuou politicamente ativo nos clubes militares, na defesa da ditadura militar e nas críticas anticomunistas. Ele escreveu dois livros de memórias: “Rompendo o Silêncio” (1987) e A Verdade Sufocada (2006), sendo este último, livro de cabeceira do presidente eleito em 2018. Mas o que me choca são religiosos de várias tendências cristãs, que pregam amor ao próximo e a caridade acima de tudo e falam em nome de Jesus, terem votado e até hoje defenderem esse cidadão, que num gesto de sadismo, dedicou seu voto no dia do impeachment de Dilma Rousseff, a este coronel, que a torturou no tempo da ditadura. Pergunto: isso é um gesto cristão? Voto por voto, por que não elegeram outro candidato de algum partido cristão ou que fosse evangélico, pelo menos? (e olha que tinha). O torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra faleceu dia 15 de outubro de 2015.

Do mesmo modo, o presidente eleito em 2018 recebeu em Brasília  dia 4 de maio último, com honras e pompas de herói nacional,  Sebastião Rodrigues de Moura, o Major Curió, de 84 anos. O oficial do exército comandou a repressão à Guerrilha do Araguaia, no Pará, no final da década de 1960 e início da década de 1970. O militar passou para a reserva como coronel e foi denunciado pelo Ministério Público Federal por tortura, homicídio e ocultação de cadáver, chegando a confessar participação em diversos assassinatos. Apesar das graves acusações de tortura, Curió conseguiu construir uma imagem controversa como "líder carismático" no Pará. O militar foi um dos fundadores de Curionópolis, cidade que recebeu o nome em sua homenagem. O município, onde se localiza o distrito de Serra Pelada, teve Curió como prefeito por dois mandatos (2001-2008). As torturas utilizadas pelo Major Curió seguiam um sádico manual elaborado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), intitulado “Contraguerrilha na Selva”. Segundo o documento, no ato da prisão, o guerrilheiro era obrigatoriamente interrogado e, nesse momento, era também espancado, furado com baionetas e até arrastado pela mata. Depois, era conduzido a uma base distrital para outro interrogatório, em que era novamente torturado e até morto. Depois, seu corpo era enterrado clandestinamente. Localizada em Marabá, no sudeste do Pará, no quilômetro um da rodovia Transamazônica, a Casa Azul era um centro de prisão clandestino utilizado pelo Centro de Informações do Exército (CIE) como um Centro de Informações e Triagem (CIT). Segundo a CNV, acredita-se que morreram mais de 30 guerrilheiros no local em decorrência de tortura ou por execução fria e crua.  Moradores locais acusados de apoiar a guerrilha também sofriam torturas. Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, em audiência pública em Marabá, em 2014, Abel Honorato conta que foi detido e encaminhado para a Casa Azul em 1972, sob a acusação de ser amigo de Oswaldão, um militante temido e procurado pelo Exército na região. No local, ele foi torturado e, quando foi solto, seu estado físico era grave. “Lá me bateram com vontade. Me retiraram daqui (de Marabá) semimorto. Saí vestido numa saia, pois não podia botar uma calça”. Depois que foi liberado, o homem conta que foi obrigado a servir de mateiro para as Forças Armadas. "Disseram pra mim: 'Você vai agora voltar e vai ter que dar conta dos seus companheiros'. Fui obrigado a trabalhar de guia até depois da guerra, sob os olhos de Curió. Até em Serra Pelada [garimpo dirigido por Curió na década de 1980], fiz missões para ele. Tem 40 anos dessa guerra, mas pra mim é um desgosto. Fui muito judiado, fui muito acabado. Até hoje eu não sou ninguém. [...] Eu tive de contar até o que não sabia para escapar. Eu tive que dizer, forçado, que não fui um amigo do Oswaldão, mas hoje eu posso dizer, de verdade, que fui amigo dele, pois ele foi amigo da região, ajudou muita gente", conta.

Para quem pensa que os militares foram ao Araguaia salvar o Brasil, desconhecem que a grande maioria ao chegar neste lugar, assassinou pobres proprietários de terras e tomou essas terras para seu espólio pessoal. E para quem diz que na ditadura não houve corrupção, pesquisem Coroa Brastel, Transamazônica e a Ponte Rio Niterói entre outros tantos assuntos, que rolavam por debaixo dos panos, mas que a censura abafava e proibia os brasileiros de ficarem sabendo que a corrupção corria solta.

Posso até ter cometido algum erro em ter votado no PT para a presidência e faço hoje uma auto-critica, mas posso dormir com a consciência leve e morrer sem culpas de um dia na vida, ter votado e elegido um presidente que tem como ídolos, ex torturadores e assassinos. Sou um ser humano cheio de defeitos e busco no dia a dia aproximar-me cada vez mais do que é ser cristão, por isso digo com toda convicção: na dúvida, anularia meu voto para não votar em simpatizante de carrascos.

Apenas a título de informação: nosso governante em seu discurso no último 7 de setembro, voltou a elogiar o golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura de 21 anos no País. Como se pode constatar: a democracia vê-se de novo ameaçada. Fiquemos de olhos bem abertos.

Termino aqui com um poema do meu novo livro “Volúvel Fado”, ainda a ser lançado, no qual comemoro 45 anos de carreira. Nele expresso o que sinto nas entrelinhas desse governo. E para quem elogiar ou criticar o que expresso aqui, deixo claro que não tenho intenção de responder, pois amante da democracia acima de tudo, respeitarei as opiniões diversas a respeito.

CINEMA TRANSCENDENDAL

(ROTA BRASIL  2019/2022)


Apertem o cinto:

a democracia sumiu!

 

(Rogério Salgado)


OBS: foto ilustrativa do Cel. Brilhante Ustra, internet; foto do encontro do presidente com o Major Curió, reprodução Facebook.