quinta-feira, 13 de junho de 2019

CONFRARIA DE POETAS BELO HORIZONTE



"O abraço liberta o abraçador, porque no ato de abraçar ele se expõe, se entrega. Quem abraça desnuda a alma, coloca os pés no chão sem vergonha de estar descalço e se livra das barreiras e dos medos, dos orgulhos e dos recalques, porque oferece o que há de mais íntimo e profundo: o seu corpo para acolher o outro". (Maria Dolores)

Desde a década de 70, quando surgiu o Movimento Marginal, em que poetas em plena ditadura, buscavam espaços para levar poesia às pessoas, sem ter de se mostrar a censura prévia. Daí surgiu a Geração Mimeógrafo, em que poetas faziam livros mimeografados e os vendiam em portas de teatro, etc. Eu mesmo participei em 1979, em Campos dos Goytacazes\RJ, minha terra natal, de um movimento em que recitávamos poesia, além de escrevermos nossos versos e pregarmos nas calçadas nas conhecidas “folhas de papel de embrulho”, para que todos lessem, isso no Boulevard Francisco de Paula Carneiro, mais conhecido como a “Rua dos homens em pé”.
No Rio de Janeiro surgiu em 1984, o "Projeto Cultural Passa na Praça que a Poesia te Abraça", tendo como um dos seus criadores, o poeta Douglas Carrara, na época com 41 anos de idade e hoje aos 68. Cada domingo um grupo obstinado de poetas aterrisava numa praça do Rio, principalmente naquelas que não tinham tido contato com este tipo de experiência e se tinha abraço apenas no nome do projeto ou entre os mais íntimos, pelo menos os poetas recitavam seus versos para quem passava pelo local. Infelizmente em 1988, o grupo paralisaria suas atividades.
Em Belo Horizonte surgiu uma rapaziada que anda fazendo acontecer: trata-se dos poetas Irineu Baroni, José Hilton Rosa e Márcia Araújo, que criaram a Confraria de Poetas Belo Horizonte e hoje estão fazendo história, levando a poesia até as pessoas, mais até do que aqueles famosos que escrevem e esperam em casa, o próximo prêmio máximo de literatura brasileira.
A Confraria de Poetas Belo Horizonte tem como norte em suas ações: planejar, debater, executar ações, tais como saraus, participações em eventos, que motivem as pessoas a mergulhar no mundo da literatura, em especial da poesia.
Em janeiro deste ano foi realizada  a 1ª Edição do Projeto "Abrace um Livro". Uma proposta do poeta Irineu Baroni, que a Confraria prontamente abraçou. O projeto consiste na troca de um livro por um abraço, nada mais justo numa época em que impera a violência, a discórdia política e esportiva e uma insegurança num mundo onde poucas pessoas tem a capacidade de dar um simples abraço no seu próximo. Os livros, na maioria das vezes doados, são distribuídos pelos poetas, de maneira totalmente gratuita. Abraço é um sentimento que a poesia também desperta em quem a acolhe, por isso a ideia de unir abraço e poesia.
Segundo seus idealizadores: “Em  tempos onde abraçar é um ato cada vez mais raro, no máximo conseguimos dar um tapinha nas costas, quando não um "oi virtual", queremos que as pessoas retomem o gosto pelo abraçar e ser abraçado, além de incentivar a leitura.”
Até agora já foram realizadas as edições "Abrace um Livro" em janeiro no Parque Ecológico da Pampulha; em março no Aniversário dos Arautos da Poesia, em Sabará\MG; em maio no Centro Cultural São Geraldo, no qual fui convidado a estar junto com eles e no Aniversário do Parque Ecológico da Pampulha. A próxima edição será realizada este mês de junho na Escola Municipal Wladimir de Paula Gomes.
A idéia foi jogada nas ruas, que se copiem, reproduzam e se abracem cada vez mais, mas justiça seja feita, o primeiro abraço belorizontino em troca de um livro foi dado por essa rapaziada da Confraria de Poetas Belo Horizonte. Esse mérito ninguém tira deles.
Além do projeto "Abrace um Livro", a Confraria de Poetas Belo Horizonte também teve
participações no 2º Beagá Psiu poético; no evento ELAS, no dia internacional da mulher e vamos aguardar que muitas novidades virão por aí.
marciasar2007@yahoo.com.brProcure no Facebook: Confraria de Poetas Belo Horizonte.

Fotos: Ariadne Lima