segunda-feira, 8 de outubro de 2012

AINDA MENINO


Estando na Semana da Criança, deixo aqui cinco poemas extraídos de meu livro “Ainda Menino”, (Belô Poético-2002-edição esgotada). Este é um dos livros que mais gostei de ter publicado, justamente porque ao me propor voltar a minha infância, a poesia me procurou com naturalidade, as imagens de minha infância surgiram como numa volta ao tempo e o resto, é apenas um livro publicado.

Também deixo aqui duas fotos: eu com sete anos de idade, próximo a fazer a primeira comunhão e eu aos dezoito anos, ao lado de minha mãe, a pianista Glória Salgado.

 


AINDA MENINO

 

Ainda menino

acreditada ser o céu

um toldo circense

e a lua à noite

o abajur que iluminava

este mundo que era lindo.

 

As estrelas eram enfeites

que cobriam meus sonhos infantis

pirilampos talvez, vaga-lumes.

A matemática não passava

de duas mais duas bolinhas de gude

e a bandeira não era nacional

nada mais era do que

galhos de plantas secas

numa brincadeira de pique.

 

Eu era feliz na inocência

porque era ainda menino.

 

A barba hoje marca esse rosto

os cabelos enevaram-se

e os olhos lacrimejaram

e o que era ainda menino

amadureceu na rudeza da vida.

 

Hoje não sou lá assim

tão feliz

deixei de sonhar feito criança

para ser homem adulto

que apesar dos açoites cotidianos

não deixará de ser jamais

ainda menino.

 

 

INFÂNCIA

 

Quando garoto

Em todos os natais, Irene

- babá da minha infância –

presenteava-me com um cartão

bem bonito.

 

E os meses se passavam

um, dois, três... doze

e este menino aguardava ansioso

pelo melhor presente

que nada mais era

que meras palavras escritas

pela minha babá, Irene.

 

Havia o ano novo

dia de aniversário

dia das crianças

mas nenhum dia era assim

tão esperado

como o dia de Natal.

 

Irene não escrevera

naquele ano.

Dias depois soube

Que Irene falecera

Por causa d`uma diabete.

Bem que eu dissera:

Como era doce a minha Irene!

 

 

NO TEMPO DO TEMPO DO TEMPO...

 

Houve um tempo

em que ouvia

Ave Maria.

Minha mãe ao piano

seus dedos leves

de fada

percorriam teclas

como quem percorre caminhos

- Naquele tempo eu era feliz

pois tinha dentro de casa

a melhor orquestra do mundo.

 

Hoje

ao som de um toca-discos

ouço a mesma canção

que me parece estranha

sem graça

sem ritmo...

Não ouço mais...

não mais permito que desentoem

meus sentimentos de criança!

 

 

 

FOTOGRAFIA NA PAREDE

 

Dolorido é saber

que as lembranças voltam:

o tempo não!

 

 

AINDA, MENINO

(TENTATIVA DE COMPOR UM HAI CAI)

 

Cresci, sim

mas a infância esqueceu
 
                                                          de crescer dentro de mim.

4 comentários:

Ivone disse...

que beleza,rogério

abraços ,ivone vebber

veja no google:
-vone333
- olharxver
- divulgando ascensao

anita disse...

Amei ver a segunda foto que eu ainda não tinha visto...
O tempo passa mas não modifica um olhar...

Fanzine Episódio Cultural disse...

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Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.