Dia 3 de abril de 2020 recebo a notícia de que a
escritora, haicaista e minha amiga Tânia Diniz havia partido. Lutou muito (por
muitos anos) para permanecer entre nós, mas o chamado do céu foi maior, afinal,
como negar quando se precisa de poetas no Paraíso?! A principio achei que seria um primeiro de abril
atrasado, nesses tempos de fake news, mas não: para minha tristeza, era a mais pura
verdade. Dia 31 de outubro de 2019, dia do poeta, recebi um WhatsApp dela que
dizia o seguinte: “Sonhei com você hoje.
Me ajudava a chegar em algum lugar...”. Como kardecista que sou, me
pergunto: será que tive esse privilégio com ela?
Conheci Tânia Diniz em 1988, levada pelo poeta Márcio Almeida
até a Editora Arte Quintal. Na época, eu e o poeta Wagner Torres dividíamos
nossos sonhos alojados numa sala da Rua Carijós nº 150, no centro da capital
mineira. E assim tive o privilégio de ser seu primeiro editor, quando
publicamos seu livro de estréia “O Mágico de Nós.
Em 1989
fiquei sabendo que ela estava criando um jornal-mural junto com a poeta e
musicista Lívia Tucci intitulado “Mulheres Emergentes- O sensual em cartaz”.
Era um jornal de tendência feminista, porém, acreditem ou não, era aberto a
publicações masculinas, sem revanchismos e preconceitos. Ali descobri que Tânia
Diniz estava à frente do seu tempo.
E o
“Mulheres Emergentes- O sensual em cartaz” ganhou o mundo, alcançando
reconhecimento internacional, tendo a admiração de escritores renomados de
vários países, além do Brasil, entre eles, Sonia Palma, residente na
Inglaterra, que comentou em 2019, quando o “Mulheres...” comemorava 30 anos de
resistência: “(...) Meu olhar vê uma
beleza incontestável nesse espaço: a beleza da garra feminina, da luta de uma
mulher que ano após ano, vem fazendo de seu espaço, seu mural poético, um lugar
de reunir o talento de mulheres que usam a palavra como forma de expressão de
suas lutas e conquistas, amores e desamores, alegrias e tristezas. Minha grande
admiração por você, Tânia Diniz.”
E eu
lhe fiz uma merecida homenagem em 2007, no “3º Belô Poético – Encontro Nacional
Poesia”, evento criado e realizado por mim e Virgilene Araújo, em Belo
Horizonte. Em 2008 a convidei para participar, junto com Lívia Tucci, do
projeto “Poesia na Praça Sete”, realizado também por mim e Virgilene Araújo,
com o patrocínio da Lei Municipal de Incentivo a Cultura. E ali, em plena rua,
lugar onde a poesia realmente deveria sempre estar, ela nos mostrou todo o seu
potencial.
Ano
passado, Tania Diniz foi merecidamente homenageada pela Câmara Municipal de
Belo Horizonte, através do vereador Pedrão do Depósito, pelos serviços
prestados a literatura brasileira.
Durante
os 32 anos que mantivemos nossa amizade, sempre pude notar o amor que ela
nutria pelos seus amigos, e neles eu me incluo. Pessoa simples, nunca negou uma
palavra de carinho a quem lhe procurava. Nesse mundo de vaidades e arrogâncias
artísticas, no qual muitos escritores se acham deuses, Tânia Diniz há de fazer
muita falta, sobretudo pelo ser humano que foi, enquanto esteve entre nós.
*OBS:
esse texto seria publicado ainda em abril neste blog, mas por questões de
problemas com a internet e a quarentena, só agora pode vir a público.
5 comentários:
Há pessoas que são especiais. Ela já está junto ao Pai.
Triste partida. Uma jornada de luta, batalhas diárias e um desfecho triste para quem ficou mas, quem sabe, algo libertador para quem partiu...Tânia continua viva de muitas maneiras...🌺♥️
Parabéns pela linda e merecida homenagem à nossa eterna amiga poeta Tânia Diniz!!!
Parabéns pela emocionante homenagem à Tânia Diniz fundamentada no histórico dessa valorosa mulher a frente do seu tempo! Um legado as novas gerações. Meus aplausos. Abraço, caro Rogério Salgado, com minhas felicitações pela sua sensibilidade e generosidade!
Tive o prazer de conhecer a Tânia Diniz no Belô Poético.
Ela deixou sua marca em poesias, batalhas e no inovador Mulheres Emergentes.
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