sábado, 3 de agosto de 2019

HELENICE MARIA REIS ROCHA - HOMENAGEM



Começou a escrever poesia aos 7 de idade. Declamava para as professoras do colégio os seus versos e escrevia no quadro negro também. Explicava para as professoras o que entendia que era linguagem poética. Foi seguindo assim até os 11 anos, quando começou a estudar pintura com o professor Claudionor Cunha, impressionista mineiro. Com 13 anos começou a estudar violão clássico com o professor Nelson Piló, assistente de Heitor Villa Lobos. 1964 explode o Golpe Militar.  Seu pai estava junto com a Sociedade Mineira de Concertos Sinfônicos, tocando o Concerto de Villa Lobos para harmônica e orquestra. Isto aconteceu antes dela conhecer estes mestres. Tinha 9 anos. O Professor Nelson Piló a preparou quatro anos para um concurso de jovens instrumentistas. Lhe deu para estudar uma peça de Anton Logy, que ele disse ser anônimo e ter produzido uma Obra Prima. 1975 entra na Faculdade de Letras da UFMG. Clima de medo. Se lembra de ter tentado assistir a uma palestra e a Universidade estar cercada por policiais. Em 81 foi eleita líder do Diretório Acadêmico. Apoiou a Quarta Internacional, que era trotskista e a OSI. Quebraram a Gráfica dos estudantes. Se tivessem encontrado textos da Quarta Internacional lá, poderiam ser todos presos. .Era clandestina. Passou alguns anos dedicada à Artes Plásticas. Fez Mestrado em Poesia. Apresentou vários trabalhos na ABRALIC. Publicou trabalhos teóricos e voltou à Poesia. Publicou em várias Antologias, no Brasil e no Chile. Sobreviveu quase sem recurso nenhum, junto à Sociedade Civil Organizada. Ainda sonha com um Projeto Socialista.
Mestre em Letras, Poéticas da Modernidade (UFMG). Especialista em Música, Educação Musical (UFMG). Cônsul do Movimento Internacional de Poetas Del Mundo. Cônsul da Associação Internacional de Poetas Del Mundo. Embaixatriz do Círculo de Embaixadores da Paz de Genebra. Membro Correspondente da Academia de Letras de Araraquara. Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni.
Uma das autoras, junto com Biláh Bernardes, Irineu Baroni, Petrônio Souza Gonçalves e Rogério Salgado do livro “AI-5” (Baroni Edições – 2016). Participou de diversas coletâneas. Sua participação mais recente foi no livro: “Cem Poemas – Cem Mil Sonhos”, homenagem aos 50 anos de passeata dos cem mil, maior manifestação popular contra a ditadura militar no país, organizado por Rodrigo Starling.
Faleceu dia 31 de julho de 2019, deixando um vazio no mundo da poesia.

SOL

Eis que faliram os desígnios de morte
e a gota de sangue que batiza o cristal
se fez flor
Naqueles tempos tudo era sombra
Mas o sofrimento purifica
dizia meu pai
e Oscar Wilde também
não há prisões para o espírito
dizia meu pai
e ficávamos naquele escritório
docemente sombrio
fazendo Análise Musical
Bach, Stravinsk, Khulau, Zanetovich
presos, de madrugada
e livres
ninguém nos alcançava
desprezávamos os exércitos de loucos  

(Helenice Maria Reis Rocha)

Poema e foto: arte Biláh Bernardes


4 comentários:

Irineu baroni disse...

Grande poetisa... Grande amiga... Helenice, companheira das letras e dos aniversários... a saudade será eterna para quem será eterna em meu coração de poeta...

Salomão Sousa disse...

Belo poema. Vou procurar mais poemas de sua autoria. "Desprezávamos os exércitos de loucos", nada mais atual e oportuno.

OLIVEIRA CARUSO disse...

Deus do Céu, ela morreu! Um doce de dama que veio ao Rio duas vezes recentemente, mas que não consegui conhecer pessoalmente! Que perda horrível! Um ser humano encantador! Um doce de gente! Que o Papai do Céu a tenha. Amém. ;-(

OLIVEIRA CARUSO disse...

Sim, um belo poema dessa guerreira de BH.